
A diáspora Africana no Brasil Durante os séculos XVI a XIX, um capítulo sombrio da história brasileira se desenrolou: a chegada forçada de africanos de diversas origens étnicas e culturais como escravos.
Esses homens e mulheres, frequentemente rivais em suas terras natais, foram arrancados de suas famílias e tradições e trazidos para o Brasil.
Os bantos, vindos de regiões como Angola, Congo, Guiné, Moçambique e Zaire, foram alguns dos primeiros a chegar, por volta de 1559 a 1560.
Os fons, originários do antigo Daomé (atual Benim), também foram trazidos.
Os ewes vieram do Togo, enquanto os iorubás chegaram de cidades da Nigéria, como Ilexá, Oyó, Ketu, Abeokutá, Ekiti, Ondô, Ijexá, Egbá e Egbado. Além disso, os ashantis e minas vieram da região de Gana.
Esses africanos trouxeram consigo milênios de culturas e religiosidades diversas, que se reorganizaram no solo brasileiro, culminando na criação do candomblé.
Por mais de 300 anos, eles foram instrumentos indispensáveis para a economia colonial e imperial brasileira, sustentando não apenas a produção, mas também os lucros de alguns reinados africanos envolvidos no comércio de escravos.
Durante os séculos de escravidão, os bantus enfrentaram desafios ao se adaptarem ao idioma da terra.
Vivendo mais isolados e distantes dos centros urbanos, preferiam se comunicar em suas próprias línguas, mantendo-se afastados dos demais.
No entanto, organizavam associações para confraternizar e preservar seus costumes africanos, crenças e fervor religioso.
Era um momento de celebração e dança, conhecido como “azuelar” na língua quimbunda.
Quando os escravos se reuniam nos terreiros para homenagear suas divindades, a África-mãe estava presente, mesmo tendo mudado de continente.
O espaço se tornava sagrado, abrigando orixás, inquices e voduns, que relembravam e reaprendiam um novo modo de vida.
Os homens se sentiam revigorados pelo poder emanado de suas divindades.
Geograficamente, o tamanho do país dificultou o reencontro de muitos grupos.
Com o tempo, conhecimentos ancestrais foram perdidos, e pequenas etnias minguaram ou desapareceram.
Algumas nações-irmãs tiveram que compartilhar saberes para sobreviver e manter seus cultos.
Essas influências deixaram marcas na vida dos brasileiros, desde a dança sensual até a culinária saborosa e o respeito à natureza.
Esses legados perduram e continuarão enquanto a humanidade buscar a irmandade e a harmonia com o meio ambiente.
A Luta Pela Liberdade Religiosa: O Candomblé e a Resistência
No passado, as casas de candomblé enfrentaram perseguições tanto policiais quanto religiosas.
Esses terreiros eram invadidos, seus objetos sagrados quebrados e, em alguns casos, até apreendidos.
Babalorixás e iyalorixás eram presos, e a religião era frequentemente rotulada como uma “seita demoníaca” pela Igreja Católica.
No entanto, o candomblé não pode ser reduzido a essa visão simplista, pois dentro dessa religião não existe a figura do demônio ou referências ao inferno, como eram usadas para assustar os escravos.
A grande vitória dos negros foi conquistar, com muito sofrimento, o direito ao livre arbítrio e à escolha de sua religião.
Eles não precisavam mais esconder os elementos de seus orixás em oratórios junto aos santos católicos.
Além disso, podiam se comunicar com suas divindades em sua própria língua, sem misturas com o português ou o latim.
Apesar dos avanços, ainda existem perseguições à nossa religião em alguns lugares.
No entanto, não devemos aceitar discriminação ou violência contra nossos direitos e liberdade de expressão.
Assim como outras religiões têm o direito de realizar suas práticas em praças e procissões, os candomblecistas e umbandistas também têm o direito de realizar seus rituais em encruzilhadas, matas, rios, cachoeiras e mares.
No Brasil atual, todos têm o direito à liberdade religiosa, desde que não violem os direitos alheios nem transgridam a lei.
Os candomblecistas e umbandistas devem estar cientes de que estão amparados por leis que protegem suas práticas e costumes.
Essa liberdade foi conquistada graças à luta e aos sacrifícios de babalorixás e, principalmente, de grandes iyalorixás, que enfrentaram batalhas para garantir o respeito à “Religião dos Orixás”.
A Constituição Brasileira reconhece essa deferência à religião e seus adeptos, e em 2008, no Rio de Janeiro, foi sancionada uma lei que instituiu o “Dia das Nações do Candomblé
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