Axé:
A Essência Divina que Pulsa na Vida e Fortalece a Fé no Candomblé
O conceito de axé, tão central para as religiões de matriz africana, vai muito além de uma simples palavra. Para o povo iorubá, o axé é um poder invisível que transmite uma energia divina e intocável, algo que as pessoas apenas pressentem. Conhecido também como hamba ou nguzu pela nação bantu, e exá pelo povo fon, a palavra axé se popularizou e se tornou um termo aceito e utilizado por diversas nações-irmãs. É, em sua essência, a força que produz crescimento.
A Origem e a Manifestação Universal do Axé
A origem do axé remonta ao ato criador de Olorum, que ao soprar seu ofurufú (hálito sagrado) nos quatro princípios básicos da natureza – fogo, água, ar e terra – estava distribuindo seu poder no Universo. Este poder é o próprio axé, que se movimenta em todas as direções.
Sua mobilidade é o que permite que o axé se distribua de forma primordial nas pessoas, transformando-as em verdadeiros altares sagrados, onde as forças divinas são mais sentidas e vistas. Mas o axé não se restringe aos seres humanos; ele também é distribuído em objetos, alimentos, animais, folhas e uma vasta gama de outros elementos.
Em sua forma mais fundamental, sem o axé, nada existe, nada se harmoniza nem se interliga, pois é ele quem faz as coisas acontecerem. O axé circula incessantemente na nossa vida, no nosso sangue, na terra que nutre o crescimento das plantas, nas ervas, nas frutas, nos alimentos litúrgicos e nos objetos sagrados da casa de candomblé. Quando o axé se fragmenta em porções menores, ele é denominado ixé.
Como o Axé se Fortalece nas Práticas Religiosas
A manifestação e o fortalecimento do axé nas práticas religiosas, especialmente no Candomblé, são processos dinâmicos e coletivos:
- Ativação pela União Humana e Rituais: Para que o axé atue e manifeste seu poder, é fundamental a união do ser humano com os rituais, com as cantigas e com o uso de palavras de encantamento. No Candomblé, a palavra axé é amplamente utilizada em momentos de solicitação, agradecimento ou enaltecimento das divindades, seja por algo a ser alcançado, adquirido ou conquistado.
- Compartilhamento na Coletividade: O axé pertence a todos que recebem e transmitem a força das divindades. É um poder que deve ser dividido por e para cada indivíduo que faz parte da coletividade. Essa partilha fortalece o grupo como um todo.
- Iniciação e Tempo de Dedicação: Existe uma relação direta entre a dedicação individual e o vigor do axé. Quanto maior é o tempo de iniciação da pessoa, mais forte é o seu axé. Isso sublinha que o aprofundamento na vida religiosa e o cumprimento dos preceitos contribuem significativamente para o fortalecimento individual do axé.
- Cumprimento das Obrigações: O cumprimento das obrigações religiosas, seja por indivíduos ou pela comunidade em geral, produz vigor e fortalece o axé da casa (de candomblé).
- Mobilização e Expansão: As obrigações e o fortalecimento contínuo do axé frequentemente trazem consigo maiores responsabilidades. Novos cargos e autoridades podem surgir, impulsionando mudanças e perspectivas dentro da casa de candomblé. Este processo faz com que o axé se mobilize, se expanda e se envolva no mistério, na magia e na beleza da religião.
É crucial destacar que, apesar de suas variadas conotações e utilidades, a palavra axé é sempre utilizada em contextos de positividade. Ela representa a força vital, a energia que move e harmoniza, sendo um pilar fundamental da existência e da fé nas religiões de matriz africana.
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