Yalase Roberta de Omolu: Uma Jornada Espiritual de Fé

e Dedicação


  Conhecida como Yalase Roberta de Omolu, a trajetória de Roberta Campos é um testemunho de fé inabalável e profundo compromisso com as tradições do Candomblé. Filha de Izimares de Ologunedé e Roberto Campos, Roberta é casada com Dudu Fagundes e mãe de três filhos: Ana Clara, de 18 anos; Aurora Maris, de 6; e Ravi Lucca, de 1. 


 Sua vida está intrinsecamente ligada à espiritualidade desde a infância, moldada por curas divinas e uma dedicação constante aos Orixás.


As Primeiras Chamadas Espirituais e a Cura de Omolu


A jornada espiritual de Roberta começou de forma marcante aos quatro anos de idade,

quando uma ferida surgiu na palma de sua mão e se espalhou por todo o corpo.

Preocupada, sua mãe buscou o jogo de búzios, e Pai Zé de Oxóssi revelou a necessidade de Roberta ser iniciada para Omolu. 


 Após a conclusão de sua feitura, todas as marcas em seu corpo desapareceram, selando sua primeira conexão profunda com a divindade. Em 1985, Roberta foi iniciada por sua avó, Valdelice de Nanã, a primeira Yalorixá do bairro do Ermelino Matarazzo, juntamente com Pai Zé de Oxóssi. Ela realizou todas as suas obrigações anuais com a avó e, aos 16 anos, recebeu o posto de Yalase na casa de sua mãe, um importante reconhecimento de sua vocação.


A Luta Contra as Convulsões e a Intervenção Espiritual


Aos sete anos, Roberta enfrentou um novo desafio de saúde: fortes dores de cabeça e

crises de convulsão. Por sete anos, ela fez tratamento no Hospital das Clínicas, mas as

convulsões persistiam. Um dia, sua mãe realizou um jogo para uma cartomante chamada Rose.


 Durante o jogo, Roberta teve uma convulsão, e a cartomante, percebendo a

urgência espiritual, afirmou que a mãe de Roberta precisava mais de sua ajuda do que ela da Yalorixá. Rose indicou um neurologista que também tinha inclinação espírita.


 O médico, agindo como vidente, narrou a vida de sua mãe desde a gravidez até o nascimento de Roberta. Durante uma regressão, ele relatou a Izimares (mãe de Roberta) que viu o sol nascer por três dias, o que correspondeu exatamente aos três dias que Izimares passou em trabalho

de parto.


Já cansada e muito preocupada, pois as convulsões de Roberta não cessavam, Izimares sonhou com Omolu. No sonho, ela disse ao Orixá: "Meu pai, ela não é minha filha, ela é sua filha, O que eu posso fazer para a Roberta melhorar?". Em resposta, Omolu disse que se ela abrisse a sua casa e cuidasse do seu povo, sua filha melhoraria.


 Izimares abriu sua casa e, com isso, Roberta foi curada das convulsões, Em gratidão, Izimares fez a promessa de que não cobraria de nenhuma pessoa que, chegando à sua casa, fosse de Omolu e fosse tomar as obrigações de 7, 14 e 21 anos. Pelo contrário, ela faria tudo por

essa pessoa.





A Continuidade do Axé e o Chamado Maior


Aos 22 anos, Roberta vivenciou a partida de sua avó. Uma semana antes do falecimento

em uma conversa, a avó pediu que Roberta levasse o Ibá de seu Orixá para a casa da mãe, pois lá ela tinha posto e ficaria mais próxima do Orixá. Roberta respondeu que não tinha coragem de tirar o Ibá da casa da avó enquanto ela estivesse viva, e que só o faria após seu falecimento. 


 Uma semana depois, sua avó falece, Um ano depois, Roberta pegou o Ibá de todos os seus Orixás e os levou para a casa da mãe, onde permanecem até hoje.


 Anos mais tarde, a mãe de Roberta, Izimares, buscou Mãe Cidália para dar continuidade ao seu Axé e à vida espiritual da família. Mãe Cidália, acompanhada de Pai Regilton, começou a cuidar da mãe de Roberta e de sua família. Infelizmente, Mãe Cidália faleceu pouco tempo depois, antes de dar plena continuidade aos cuidados. Contudo, antes de partir, ela orientou que procurassem Pai Regilton caso precisassem.


Foi então que Roberta, precisando de cuidados espirituais, realizou obrigações com Pai Regilton de Ologunedé em sua própria casa, o Ilê Axé Omo Igbo Omí. Aos 27 anos de santo, Roberta sentiu seu Pai Omolu "pegá-la" de forma ainda mais intensa. Desde esse momento, sua mãe passou a organizar festas anuais em honra ao seu Orixá, e Roberta continua acompanhando e atuando ativamente em sua trajetória espiritual, dedicando-se

com fervor ao seu caminho de fé.





POSTAGEM FEITA POR OGÃ JADDEN DE OLOGUNEDE COM CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL DE DUDU FAGUNDES EM COMEMORAÇÃO AOS 40 ANOS DE OMOLU DE ROBERTA, SUA ESPOSA.